Em
uma de nossas aulas de direção estávamos conversando e debatendo
ideias para escolhermos um tema, uma proposta para fazermos uma
performance. Até que surgiu a ideia do Vinicius, nosso colega de
classe de fazer uma corrida de saco na faixa de pedestre enquanto o
sinal ficava vermelho.
Pegamos
sacos de trigo que vinham na altura do joelho e “vestimos”.
Teríamos que ir pulando com esses sacos até o outro lado da rua
sobre a faixa de pedestres e quem chegasse primeiro seria o
“vencedor”. Essa ação performática pode-se dizer ser uma
crítica ao curto tempo que nós como pedestres temos para atravessar
as ruas, temos que correr assim como na “corrida de sacos”.
Saímos
então da UVV e fomos para um sinal em frente ao Shopping Vila Velha.
Primeiro
nos comportamos como não fossemos fazer esta performance, escondemos
o saco por dentro de nossas blusas e agimos naturalmente. Quando o
sinal ficou vermelho começamos a performance tirando o saco de baixo
das blusas e vestimos. Quando a Rafaela deu o sinal da largada
fizemos a nossa competição. Teríamos que ir e voltar.
Foram
diversas as reações das pessoas. Não só das pessoas que estavam
de carro e moto parados no sinal mas como os pedestres também.
Conseguimos colocar esse publico como questionadores, investigadores.
Eles perguntavam o que era aquilo, de onde éramos, faziam
comentários, alguns positivos e outros negativos. Uns falaram pra
gente arrumar um trabalho, que estávamos atoa, outros falavam: “que
massa!”, outros gritaval: “uhul”, mas a maioria reagia com
risadas. Além disso, incrementamos nossa performance e fizemos
outras brincadeiras como o “estátua”, dada a largada andávamos
normal pela faixa e quando ouvíamos o comando do instrutor:
“estátua”, deveríamos parar e congelar. A Rafaela então
passava fazendo cócegas na gente e perde quem se mexer. Depois
fizemos o morto e vivo: no morto teríamos que nos abaixar, no vivo
teríamos que ficar em pé. Ganha quem fizer tudo correto sem errar
ou se confundir. Foi muito legal essa mudança na hora, de
acrescentar brincadeiras ali na hora, de improviso as pessoas achavam
cada vez mais estranho e é esse estranhamento que a gente como
performer buscava. Nossa meta foi atingida. Fomos com um propósito e
conseguimos alcançá-lo.
Depois
de um certo tempo, percebemos que foi formando uma concentração de
pessoas que saim do shopping e de seus trabalhos e se aglomeraram no
ponto de ônibus. Foi quando decidimos levar nossa performance para o
ponto de ônibus. Fomos até lá agindo naturalmente, como também
fôssemos pegar o ônibus. Nos misturamos no meio das pessoas e
ficamos em estado de espera. De repente, a Rafa que fez a instrutora
das brincadeiras gritou no ponto de ônibus: MORTO! E cada um de nós
separados abaixamos imediatamente, depois ela gritava: VIVO! E todos
nós ficávamos em pé. Foi incrível a reação das pessoas. Todos
tomaram um susto pois estávamos espalhados no meio das pessoas e
ninguém esperava essa nossa ação. Foi de surpresa e gerou um
efeito muito cômico.
Para
nós que estávamos fazendo esta ação também foi superprazeroso e
divertido. Eu gosto muito de fazer algo inusitado, maluco, bizarro,
etc. É engraçado ver as pessoas surpresas e curiosas.
Gostei
também porque foi uma forma de lembrarmos da nossa infância, que
foi a melhor e mais bonita parte da minha vida. Nossas brincadeiras
não eram como as das crianças de hoje em dia. Essas brincadeiras de
corrida do saco, morto e vivo, pula corda, pique-pega,
esconde-esconde, andar de bicicleta, enfim, era tudo muito gostoso.
Fazíamos tudo na rua e lembro sempre disso tudo com muito gosto e
fico triste das crianças de hoje em dia terem perdido isso, na
verdade sofreram também pela constante mudança que a própria
sociedade vai construindo, vivemos hoje num mundo mais tecnológico.
É interessante como cada objeto, música ou um lugar nos faz lembrar
da nossa infância, assim como aqueles sacos me fizeram lembrar de
toda a minha infância, foi como um flash-back passando na minha
cabeça, uma viajem no túnel do tempo relembrando cada brincadeira
de quando eramos pequenos.
“Quando
rever é reviver
Preciso reviver, eu bem sei,
mesmo que só na lembrança,
voltar à minha antiga casa,
rever a minha infância
e todos os momentos felizes que lá passei.” ( Clarice Pacheco)
Preciso reviver, eu bem sei,
mesmo que só na lembrança,
voltar à minha antiga casa,
rever a minha infância
e todos os momentos felizes que lá passei.” ( Clarice Pacheco)
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