Comércio Absurdo
Comércio
Absurdo foi o nome que eu criei para a performance da Ana Paula, pois foi a
Performance mais inusitada que já planejamos.
Cada
um trouxe de casa algo que considerasse nojento e que seria um absurdo vender.
Fizemos uma tabela de preços de cada item e colocamos na entrada do prédio rosa
em cima de uma mesa com a Ana vendendo.
Um
dos objetos mais nojentos eram: Absorvente usado, calcinha suja de menstruação,
papel higiênico sujo de fezes, o maior pelo pubiano da Yule, fralda suja de xixi,
fralda de pano suja de gorfo, etc.
Foram
várias as ideias malucas que tivemos. Levamos bastante variedade de produtos
para que as pessoas ficassem mesmo surpresas. Foi incrível a reação das pessoas
quando se deparavam com a Ana vendendo os objetos nojentos.
O
que foi ainda mais incrível foi que a Ana realmente levou aquilo a sério. Ela
sustentou a personagem dela até o fim sem dar uma risada ou fazer algo que
fizesse com que o público desacreditasse que ela estava realmente vendendo
aqueles objetos
"[...]
ensaiar o seu personagem com outro ator (mesmo com um aluno, ou com uma atriz,
ou com um cômico); é sempre interessante que o ator veja o seu personagem
interpretado por outro ator – a interpretação do cômico em especial revela-se
instrutiva."- Brecht
Foi
a partir desta sustentação do personagem que as pessoas acreditaram na venda. A
Ana também usou de um instrumento muito bom. Ela chamava e atraia a curiosidade
das pessoas. Ela falava dos objetos como se estivesse vendendo qualquer outra
coisa menos aquelas coisas nojentas. Ela entreteu o público de tal forma que ao
invés dela se sentir constrangida, foi o público que ficou sem reação. As pessoas
olhavam umas para as outras e sem entender nada, iam embora. Tudo foi se
tornando tão sério que um objeto foi comprado. Uma unha foi vendida. Isso
mostra que tudo aquilo se tornou real.
Interessante
que em quase todas as nossas performances, as pessoas já sabiam que aquilo era
algo feito pelo curso de Artes Cênicas. Desta vez mesmo estando lá grande parte
da turma, nós ficamos conversando sobre outros assuntos e agindo como
estivéssemos separados da Ana, como se não estivesse conexão entre os atos delas
e os nossos, mas na verdade estávamos vendo a performance dela de forma
disfarçada. O mesmo foi feito para conseguir registros da performance. A
filmadora ficou escondida e despercebida para que o público acreditasse na
venda.
Foi
um belo trabalho. No final, quando a performance foi encerrada e que nós nos
juntamos e fizemos as considerações finais, ouvimos comentários das pessoas
dizendo que realmente estavam acreditando na venda dos objetos.
Valeu
muito a pena. Eu faria tudo de novo só para ver a reação das pessoas.
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