Essa
performance foi realizada pelo coletivo como uma das apresentações
durante a IV abertura de processos cênicos do curso de Artes
Cênicas.
A
performance se trata de uma exposição das memórias dos próprios
performers, aberta ao público em um local aberto dentro da
universidade vila velha. Em uma certa altura da exposição os
próprios performers iriam interagir com as suas próprias memórias.
A
minha exposição se deu como um grande varal. Os objetos que eu
trouxe foram muitos segnificativos: a farda do meu pai, o cinto com
que apanhaei do meu pai durante minha infância, todas as minhas
sapatilhas de balé, minha roupa quando eu era criança junto com
meus sapatinhos e minha manta, meus primeiros dentes de leite, minhas
medalhas de judô e minhas faixas de judô.
Logo
quando comecei a montar minha exposição, senti a necessidade súbita
de não querer interagir. De forma alguma queria manter uma interação
com o público sobre minha historia e daqueles objetos que estavam
pendurados. Então permaneci ao lado da exposição mas sem querer
ter uma conexão mais forte com o público.
Com
a exposição correndo para o fim, recebi orientações que a partir
do momento em que eu me sentisse a vontade poderia começar a
desmontar a exposição. E foi nesse processo que o público se
aproximou e começou a perguntar sobre a história dos objetos. E a
relação que tanto queria evitar acabou acontecendo. A emoção
tomou conta quando as perguntas foram para a farda do meu pai, várias
imagens me vieram a cabeça, a voz dele se repetia na minha cabeça
chamando meu nome de várias formas e meus apelidos que escutava
durante a infância. O cheiro da farda apesar de estar ali a minha
frente ficou mais forte. Tudo ficou mais potente, e acabei revelando
coisas ate demais. Mas não é algo que eu me arrependa, percebi
coisa, descobri coisas e isso foi enriquecedor.
Durante
a exposição vi que um de meus amigos estava sentado ao lado da
minha exposição e estava profundamente emocionada, mais tarde
descobri que ele estava emocionado com a minha história e do meu
pai. Não consegui perceber como a minha exposição atingiu muito
mais ele do que a mim naquele momento.
Como
as memórias de terceiros podem nos atingir profundamente, mesmo não
tendo relação alguma com a pessoa que foi “afetada”.
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