quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

PERFORMANCE “MNEMONESI"


Essa performance foi realizada pelo coletivo como uma das apresentações durante a IV abertura de processos cênicos do curso de Artes Cênicas.
A performance se trata de uma exposição das memórias dos próprios performers, aberta ao público em um local aberto dentro da universidade vila velha. Em uma certa altura da exposição os próprios performers iriam interagir com as suas próprias memórias.
A minha exposição se deu como um grande varal. Os objetos que eu trouxe foram muitos segnificativos: a farda do meu pai, o cinto com que apanhaei do meu pai durante minha infância, todas as minhas sapatilhas de balé, minha roupa quando eu era criança junto com meus sapatinhos e minha manta, meus primeiros dentes de leite, minhas medalhas de judô e minhas faixas de judô.
Logo quando comecei a montar minha exposição, senti a necessidade súbita de não querer interagir. De forma alguma queria manter uma interação com o público sobre minha historia e daqueles objetos que estavam pendurados. Então permaneci ao lado da exposição mas sem querer ter uma conexão mais forte com o público.
Com a exposição correndo para o fim, recebi orientações que a partir do momento em que eu me sentisse a vontade poderia começar a desmontar a exposição. E foi nesse processo que o público se aproximou e começou a perguntar sobre a história dos objetos. E a relação que tanto queria evitar acabou acontecendo. A emoção tomou conta quando as perguntas foram para a farda do meu pai, várias imagens me vieram a cabeça, a voz dele se repetia na minha cabeça chamando meu nome de várias formas e meus apelidos que escutava durante a infância. O cheiro da farda apesar de estar ali a minha frente ficou mais forte. Tudo ficou mais potente, e acabei revelando coisas ate demais. Mas não é algo que eu me arrependa, percebi coisa, descobri coisas e isso foi enriquecedor.
Durante a exposição vi que um de meus amigos estava sentado ao lado da minha exposição e estava profundamente emocionada, mais tarde descobri que ele estava emocionado com a minha história e do meu pai. Não consegui perceber como a minha exposição atingiu muito mais ele do que a mim naquele momento.
Como as memórias de terceiros podem nos atingir profundamente, mesmo não tendo relação alguma com a pessoa que foi “afetada”.


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