quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

performance "ESPERANDO GODOT"


Essa performance surgiu em mais uma reunião para a definição da próxima que seria realizada.
Partindo de uma idéia inicial de colocar uma mesa de jantar no meio de uma rua, a adaptação veio com a necessidade de buscar uma interação direta e maior com o público. Então partiu de mim a idéia de ainda fazer um jantar em um local incomum, porém desta vez com uma única pessoa sentada em uma mesa toda preparada para um jantar a dois, sendo que o performer só poderia “começar” o jantar quando outra pessoa, no caso o público se sentasse a mesa junto para o jantar finalmente a dois.
Escolhi essa performance por ter como a referência a performance de Marina Abramovic, na sua exposição onde várias pessoas se sentam na sua frente e a performer permanece imóvel, sem qualquer expressão em seu rosto durante horas dos meses da exposição.
O local a ser realizado a performance foi novamente um desafio, primeiramente iria ser realizado no terminal, ma como temíamos fomos proibidos de realizar dentro do local, então como alternativa fomos novamente para a praça de Vila velha, no centro. Mais uma vez encontramos a praça totalmente deserta, exceto pela presença de alunos de uma escola que fica próxima a praça.
Paralela a minha performance iriam ser realizadas outras duas que por motivos da mudança de local não foi possível realizar uma delas e a outra o performer que iria realizar optou por não querer fazer nesse dia.
Após analisar bem o local e depois de discutir as adaptações escolhemos um ponto de ônibus em frente a escola que fica do lado da praça, já percebendo que o movimento ali se dava pelo horário de saída dos alunos e que a maioria se dirigia para o ponto de ônibus. Decidido isso, começamos a montar a mesa de jantar, minutos depois eu me dirigi a mesa sentando e dando inicio a performance.
Logo no inicio senti o estranhamento, as pessoas que estavam sentadas no ponto de ônibus não olhavam para mim, ficavam olhando para o celular, conversando de costas para a mesa que estava ali presente na frente deles e olhavam para a direção de onde os ônibus vinham, me ignorando totalmente. Percebendo isso, com a orientação da Rejane, comecei a comer o jantar e a chamar a pessoa convidando a diretamente a se sentar comigo, quase implorando para ter a compania dela naquele jantar.
Duas pessoa se sentaram na mesa. Conversei com elas de variados assuntos, a comida que estava sendo servida, faculdade, passado, histórias, ex namorados, era uma troca de histórias, no entanto percebi que havia montado um personagem, uma mulher elegante porém carente, educada e rica. As pessoas me contavam suas histórias e eu como personagem do performer contava as “minhas histórias”, inventadas na hora. Pelo menos na primeira pessoa que se sentou, contei fragmentos verdadeiros da minha história performer, porem na segunda fui levada a inventar fatos a partir do momento em que eu concordava com ela em alguns fatores. Depois pensando sobre esse fato, conseguir enxergar que a partir do momento em que eu concordava com a pessoa era um tipo de ferramenta para que a pessoa quisesse ficar ali me fazendo compania independente da comida, que era o maior atrativo para sem sentarem. Era um dispositivo que funcionava para que o assunto que surgisse na mesa não morresse, uma tentativa de manter o assunto e a minha compania tão prazerosos quanto a delas para mim, uma vez que eu implorei para ambas s e sentarem, quase um desespero.
Foi uma experiência parecida com o que o Anderson passou na performance “Sansão” onde ele era o espectador da própria performance.

Tenho interesse em colocar em meu repertório de performance a serem adaptadas e evoluídas com um pouco mais de calma futuramente.

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