Essa
performance surgiu em mais uma reunião para a definição da próxima
que seria realizada.
Partindo
de uma idéia inicial de colocar uma mesa de jantar no meio de uma
rua, a adaptação veio com a necessidade de buscar uma interação
direta e maior com o público. Então partiu de mim a idéia de ainda
fazer um jantar em um local incomum, porém desta vez com uma única
pessoa sentada em uma mesa toda preparada para um jantar a dois,
sendo que o performer só poderia “começar” o jantar quando
outra pessoa, no caso o público se sentasse a mesa junto para o
jantar finalmente a dois.
Escolhi
essa performance por ter como a referência a performance de Marina
Abramovic, na sua exposição onde várias pessoas se sentam na sua
frente e a performer permanece imóvel, sem qualquer expressão em
seu rosto durante horas dos meses da exposição.
O
local a ser realizado a performance foi novamente um desafio,
primeiramente iria ser realizado no terminal, ma como temíamos fomos
proibidos de realizar dentro do local, então como alternativa fomos
novamente para a praça de Vila velha, no centro. Mais uma vez
encontramos a praça totalmente deserta, exceto pela presença de
alunos de uma escola que fica próxima a praça.
Paralela
a minha performance iriam ser realizadas outras duas que por motivos
da mudança de local não foi possível realizar uma delas e a outra
o performer que iria realizar optou por não querer fazer nesse dia.
Após
analisar bem o local e depois de discutir as adaptações escolhemos
um ponto de ônibus em frente a escola que fica do lado da praça, já
percebendo que o movimento ali se dava pelo horário de saída dos
alunos e que a maioria se dirigia para o ponto de ônibus. Decidido
isso, começamos a montar a mesa de jantar, minutos depois eu me
dirigi a mesa sentando e dando inicio a performance.
Logo
no inicio senti o estranhamento, as pessoas que estavam sentadas no
ponto de ônibus não olhavam para mim, ficavam olhando para o
celular, conversando de costas para a mesa que estava ali presente na
frente deles e olhavam para a direção de onde os ônibus vinham, me
ignorando totalmente. Percebendo isso, com a orientação da Rejane,
comecei a comer o jantar e a chamar a pessoa convidando a diretamente
a se sentar comigo, quase implorando para ter a compania dela naquele
jantar.
Duas
pessoa se sentaram na mesa. Conversei com elas de variados assuntos,
a comida que estava sendo servida, faculdade, passado, histórias, ex
namorados, era uma troca de histórias, no entanto percebi que havia
montado um personagem, uma mulher elegante porém carente, educada e
rica. As pessoas me contavam suas histórias e eu como personagem do
performer contava as “minhas histórias”, inventadas na hora.
Pelo menos na primeira pessoa que se sentou, contei fragmentos
verdadeiros da minha história performer, porem na segunda fui levada
a inventar fatos a partir do momento em que eu concordava com ela em
alguns fatores. Depois pensando sobre esse fato, conseguir enxergar
que a partir do momento em que eu concordava com a pessoa era um tipo
de ferramenta para que a pessoa quisesse ficar ali me fazendo
compania independente da comida, que era o maior atrativo para sem
sentarem. Era um dispositivo que funcionava para que o assunto que
surgisse na mesa não morresse, uma tentativa de manter o assunto e a
minha compania tão prazerosos quanto a delas para mim, uma vez que
eu implorei para ambas s e sentarem, quase um desespero.
Foi
uma experiência parecida com o que o Anderson passou na performance
“Sansão” onde ele era o espectador da própria performance.
Tenho
interesse em colocar em meu repertório de performance a serem
adaptadas e evoluídas com um pouco mais de calma futuramente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário