terça-feira, 13 de outubro de 2015

Happening “Tirésias”

Happening “Tirésias”
Essa experiência foi uma das mais significativas.
Fizemos esse happening juntamente com a turma de fotografia da universidade.
O local foi o estúdio de TV da universidade. Preparamos o local com alguns estímulos, pipoca, barbante molhado e alguns outros objetos como as cadeiras e poltronas. A interação iria acontecer no escuro durante 40 á 50 minutos.
Arrumamos o espaço e depois saímos para entrar novamente no happening propriamente dito. Perdendo a noção visual, comecei a descer a escada sentada, com uma aflição de procurar os degraus com as pernas e essa busca parece que se tornou infinita no “último degrau”, mesmo esticando a perna ao máximo com o medo de cair não conseguia achar esse último degrau e o alívio só veio quando esbarro o meu pé em um pedaço de tecido e percebo que já estava no chão. Conseguia imaginar a minha cara de medo subitamente mudando para uma cara feliz por causa do alivio, fiquei rindo de mim mesma durante um bom tempo.
Depois, uma vez de pé, procurei algo a que me apoiar. A sensação se você ficar sozinha no escuro sem nenhum apoio e apenas escutando vozes e a movimentação dos objetos pelo espaço é angustiante. Um mero toque no braço acho que pelo instinto, faz você segurar o que for forçando o a ficar ali perto de você. Fiz isso várias vezes antes de realmente me tranqüilizar com aquela situação.
Experimentamos várias sensações. Cantamos, produzimos sons, ficamos em silêncio, gritos. Cada um foi absorvido com uma intensidade maior e diferente a cada mudança.
Até certo momento do happening eu estava interagindo com o local, até que alguém segura o meu pé bruscamente e como um reflexo que eu tenho logo tirei por que isso me vem como um instinto de perigo. Gritei claro e fiquei procurando uma sombra ou o que fosse que se aproximasse de mim, abaixada com as mãos mexendo no ar na esperança de esbarrar (ou não) em quem ou o que pegou no meu pé. Um calafrio foi me acontecendo na medida em que imaginava esse ser atrás de mim e foi ai que eu fui surpreendida por mais uma vez pegando o meu pé desta vez seguidas vezes. Comecei a suar frio e entre um pulo e outro para sair de quem me torturava, consegui agarrar o braço e instantaneamente comecei a bater nesse alguém, a fim de me proteger. Bati muito, meu braço ficou formigando e quando dei um passo atrás esbarrei em uma cadeira e lá sentei e permaneci durante um tempo, pra me acalmar. Não sei o porque tenho essa aflição tão grande por alguma coisa, qualquer coisa encostar no meu pé. Só sei que esse pavor aumentou mil vezes no happening.
Depois de um certo momento percebi que a vista começava a se acostumar com a escuridão e por isso conseguia ver nitidamente o espaço todo, não possuía mais aquela cautela ao andar pelo espaço. Não somente a visão, mas como a percepção pela audição, eu conseguia identificar a proximidade de uma pessoa conhecida ou pela respiração, cheiro ou toque. Ou os três juntos. E ao final dos minutos, antes de entrarmos programamos despertadores para o mesmo horário o que se tornou uma sinfonia de toques. Precisei ficar em silêncio para absorver aquele momento.

Quando acendemos as luzes, ouvimos comentários e sensações que tiveram nessa experiência. Optei por ficar em silêncio, achei que precisava absorver mais todas aquelas sensações, apesar de serem semelhantes as que estavam sendo expostas ali.

Nenhum comentário:

Postar um comentário