terça-feira, 13 de outubro de 2015

Performance “Sansão”

Performance “Sansão”
A performance Sansão tratava-se de uma ação que aproxima-se o público do performer com uma interação direta entre eles.
Anderson o performer, ficou sentado em um pequeno banco, atrás dele foi estendida uma faixa grande com a frase “CORTE O MEU CABELO” e pendurada ao lado estava à tesoura que era segurada pelo performer. Qualquer um poderia ficar a vontade e cortar o cabelo do performer sem que ele esboçasse reação nenhuma. O local escolhido para essa performance foi a praça de Itaparica em Vila Velha.
O local não tinha público, exceto o que estava sentado nas barraquinhas de  comida que funcionavam por ali. A escolha do lugar no qual Anderson iria ficar foi outro desafio, optamos por colocá- lo de frente a um carrinho, onde tinha mias “público”. Depois de tudo organizado, a performance começou.
Sabemos que até o público encarar aquele estranhamento exigi uma paciência, um certo cuidado pelo fato de que a interação com o público era direta, mesmo com uma frase bem direta na faixa explicando o que era pra ser feito, a primeira pergunta que surge na cabeça independente da situação é “porque?”. Conversando com algumas pessoas no local, elas se perguntavam isso e conforme viam a pessoa cortando o cabelo do performer, percebi que sem um motivo aparente elas encaravam aquilo como uma forma de mutilação, colocando o cabelo como uma parte importante do ser humano. Comentários como “Pra que? É doação pra igreja? Protesto contra alguma coisa?” era de se perceber que sem um motivo concreto, aparente aquilo se tornava para quem assistia um ato de loucura o que é normal quando se trata de uma trabalho de performance.
Em uma conversa com uma pessoa que estava mais afastada do local da performance, ela comentou que “o homem só está fazendo isso porque é estranho, eu vi ele aqui e percebi, porque estava usando uma saia comprida, tinha um jeito estranho.” Depois desse comentário percebi que com estranho ela queria dizer gay, a resposta para essa pessoa que estava vendo aquela ação era de que ele só estava fazendo isso por conta da orientação sexual dele. Como a performance proporciona a liberdade para se procurar as respostas que cada individuo acha certa para si e como o comportamento de um sujeito pode influenciar nessa resposta. Passei a me questionar se no lugar do Anderson estivesse uma mulher, um tatuado, uma criança, procurando uma possível resposta que essa mesma mulher acharia para essa mesma ação.

Um dos pontos que não me agradou foi a questão da paciência que eu citei acima. Você incentivar o público a ir cortar o cabelo dizendo do que se tratava aquela ação, quebra o estranhamento que é o objetivo maior de uma performance. Tira o direito de o público ter esse estranhamento e de analisar a situação, entende- La do seu próprio jeito. A resposta de uma performance é sempre uma surpresa e isso não deve ser mudado na minha opinião. As vezes devemos encarar o improviso e estimular o público, vejo a conversa como uma ótima chave para isso, porém uma conversa comum se colocando como público e não informando o porque e do que se tratava aquela performance. Nesse dia o resultado da performance poderia ter sido ninguém ido cortar o cabelo do Anderson e que seria válido também. E se isso ocorre- se, posteriormente planejaríamos melhor a performance para obter o resultado que queríamos com ela, não precisando da busca pela resposta imediata como foi.

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