sexta-feira, 9 de outubro de 2015

TIRÉSIAS

Performance de Tirésias
Como estamos estudando as variadas formas de performances chegou a vez do happening, que é uma performance onde não tem espectador a participação do público é transformada em espetáculo em um local onde os participantes se encontram já sabendo o que irá acontecer.
Nosso happening foi na universidade em um estúdio de gravação, a proposta inicial era nossa turma junto com outra turma de algum curso dentro do estúdio com as luzes completamente apagadas, e com alguns estímulos que seriam tragos por nós mesmos espalhados pelo ambiente.  Como tínhamos que trazer alguns estímulos para o local e ele estaria completamente escuro, pensei então em algo sonoro e levei um chocalho, onde poderia me comunicar sem falar nada.
Quando começamos foi bem diferente do que tinha imaginado achei que não teria quase nenhum barulho e os participantes iriam investigar o local no escuro, mas foi totalmente ao contrário: eles cantavam, assobiavam, conversavam, tinha um tal de perguntar quem era que chegava me dar agonia. Não queria que as pessoas descobrissem quem eu era, mesmo porque eu também não sabia quem elas eram, e somente pela voz e o toque dava para descobrir.
No espaço havia barbantes, cadeiras, pipocas e alguns panos bem grande jogados no chão. Os estímulos propostos foram poucos, poderíamos ter pensado em algo como coisas quentes ou frias, texturas entre outros objetos.
Hélio Oitica tem uma forma deferente de criar encontros performativos ele cria ambientes e as pessoas interagem como intendem e bem quiserem.
Neste espaço, cada proposição coloca a seu modo uma questão vital que perpassa sua produção: a superação de uma arte de cunho geométrico-representacional para a proposição de experiências artísticas vivenciais centradas no corpo e na “ação comportamental como uma força criativa” (Oiticica, 1969: 1).
Durante todo o tempo da performance meu foco era perturbar a todos de alguma forma, eu puxava as pernas de quem estava no chão e saia arrastando a pessoa, saia arrastando o pano pelas pessoas buscando que as incomodassem, no entanto enquanto estava em meu trajeto alguém que na hora eu não tinha ideia de quem era começou a puxar meu pano então entramos em uma “luta corporal” onde o que importava era o pano. E essa foi uma das horas mais marcantes da performance para mim, onde me vi embolada no pano e em alguém que nem sabia se conhecia ou não.
Estava então me cansando resolvi pegar uma pena que estava em meu cabelo e provocar as pessoas, mas como estava escuro não sabia para onde direciona-la minha estratégia foi então ir nas pessoas que estavam falando daí sabia onde elas estavam.
Impressionante é que depois de algum tempo no completo breu nossos olhos se adaptam e acabam tendo a percepção de onde estão as coisas.
Legal seria se tivéssemos colocado uma câmera que grava no escuro, mas não tivéssemos avisado a ninguem, dai depois iriamos ver o que cada um fez. Creio que iriamos nos surpreender!

O branco com branco é um resultado de invenção, pelo qual todo mundo tem que passar; não digo que todos têm que pintar quadro branco com branco, mas todos têm de passar por um estado de espírito que eu chamo branco com branco, um estado em que sejam negados todo o mundo da arte passada, todas as premissas passadas e você entra no estado de invenção. Você, para entrar no estado de invenção tem que passar pelo branco com branco, como na música você tem que passar pelo rock. Porque o rock, na verdade, é coisa irreversível: ou você entrou nele ou não entrou. (Entrevista de Hélio Oiticica a Ivan Cardoso, “ A arte penetrável de Ho”, Folha de São Paulo, 16/11/1985)

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