Performance
de Tirésias
Como
estamos estudando as variadas formas de performances chegou a vez do happening,
que é uma performance onde não tem espectador a participação do público é
transformada em espetáculo em um local onde os participantes se encontram já
sabendo o que irá acontecer.
Nosso
happening foi na universidade em um estúdio de gravação, a proposta inicial era
nossa turma junto com outra turma de algum curso dentro do estúdio com as luzes
completamente apagadas, e com alguns estímulos que seriam tragos por nós mesmos
espalhados pelo ambiente. Como tínhamos
que trazer alguns estímulos para o local e ele estaria completamente escuro,
pensei então em algo sonoro e levei um chocalho, onde poderia me comunicar sem
falar nada.
Quando
começamos foi bem diferente do que tinha imaginado achei que não teria quase
nenhum barulho e os participantes iriam investigar o local no escuro, mas foi
totalmente ao contrário: eles cantavam, assobiavam, conversavam, tinha um tal
de perguntar quem era que chegava me dar agonia. Não queria que as pessoas
descobrissem quem eu era, mesmo porque eu também não sabia quem elas eram, e
somente pela voz e o toque dava para descobrir.
No
espaço havia barbantes, cadeiras, pipocas e alguns panos bem grande jogados no
chão. Os estímulos propostos foram poucos, poderíamos ter pensado em algo como
coisas quentes ou frias, texturas entre outros objetos.
Hélio
Oitica tem uma forma deferente de criar encontros performativos ele cria
ambientes e as pessoas interagem como intendem e bem quiserem.
Neste
espaço, cada proposição coloca a seu modo uma questão vital que perpassa sua
produção: a superação de uma arte de cunho geométrico-representacional para a
proposição de experiências artísticas vivenciais centradas no corpo e na “ação
comportamental como uma força criativa” (Oiticica, 1969: 1).
Durante
todo o tempo da performance meu foco era perturbar a todos de alguma forma, eu
puxava as pernas de quem estava no chão e saia arrastando a pessoa, saia
arrastando o pano pelas pessoas buscando que as incomodassem, no entanto
enquanto estava em meu trajeto alguém que na hora eu não tinha ideia de quem
era começou a puxar meu pano então entramos em uma “luta corporal” onde o que
importava era o pano. E essa foi uma das horas mais marcantes da performance
para mim, onde me vi embolada no pano e em alguém que nem sabia se conhecia ou
não.
Estava
então me cansando resolvi pegar uma pena que estava em meu cabelo e provocar as
pessoas, mas como estava escuro não sabia para onde direciona-la minha
estratégia foi então ir nas pessoas que estavam falando daí sabia onde elas
estavam.
Impressionante
é que depois de algum tempo no completo breu nossos olhos se adaptam e acabam
tendo a percepção de onde estão as coisas.
Legal
seria se tivéssemos colocado uma câmera que grava no escuro, mas não tivéssemos
avisado a ninguem, dai depois iriamos ver o que cada um fez. Creio que iriamos
nos surpreender!
O
branco com branco é um resultado de invenção, pelo qual todo mundo tem que
passar; não digo que todos têm que pintar quadro branco com branco, mas todos
têm de passar por um estado de espírito que eu chamo branco com branco, um
estado em que sejam negados todo o mundo da arte passada, todas as premissas
passadas e você entra no estado de invenção. Você, para entrar no estado de
invenção tem que passar pelo branco com branco, como na música você tem que
passar pelo rock. Porque o rock, na verdade, é coisa irreversível: ou você
entrou nele ou não entrou. (Entrevista de Hélio Oiticica a Ivan Cardoso, “ A
arte penetrável de Ho”, Folha de São Paulo, 16/11/1985)
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