Construção gradual dos arranjos
Dependendo do ator o encaminhamento é diferente e também as novas regras que se inserem para gerar uma boa resultante
Observações:
Jefferson - primeiro regra de tocar o chão e a mesa - bastante aleatória. Mas isto associava algo para ele, a questão de estar procurando se situar (porque estaria preso). Pensamos sobre a situação ficcional (quem, onde e o quê) e passamos a trabalhar com a ideia de que ele está em sua cela, preocupado que precisa se organizar rapidamente para sair porque Julieta daqui a pouco acordará sozinha na lápide.
Funcionou. Ele incorporou, absorveu, transformou a regra de tocar o chão: para seu corpo, a cadeira (incluímos uma cadeira), a cabeça, o sapato, e rodava para um lado e para o outro agitado. Ficou muito bom.
Anna Paula - necessidade de associar imagem de algo que diga respeito a ele, que sustente a presença de afeto e um enlaçamento com o texto. Na introdução desta imagem o ator traz a sua verdade e a regra de jogo é diluída apesar de ainda estar presente (mas de forma "disfarçada").
Necessidade também de construir moralidade para o texto. A partir da fala interna de estímulo "já sei" (para "Vou chama-las), construir uma ação vocal - uma ação impressa na maneira de emitir a fala (sustentada pela ação que a fala interna implica). Mas é um outro elemento esta oralidade, um outro elemento que também entra no arranjo. No caso, a voz da direção entra em jogo. Pedi para que mimetizasse minha voz. Coloquei marcações para ir chamar a Ama, gritar e tampar sua própria boca antes de virar para a platéia e perguntar: "Para quê?" Aqui surge um arranjo com uma partitura física precisa - ao contrário do arranjo do Jeferson onde as regras do jogo foram absorvidas na situação ficcional e o jogo continua como improviso.
Conforme a ocasião, o ator e a cena, o arranjo é diferente. São vários tipos de arranjo.
Trabalhamos com Vinicius duas regras em alternância: coçar o corpo e abrir as mãos de súbito. Estas regras geravam ações que se acomodavam conforme a situação e relação com o que contava. Ajudou quando criamos visualização da cidade e também quando usamos a frase interna "Me desculpe". Trouxe uma espécie de humildade bonita para a ação e o personagem.
Iasmin já tinha trabalhado associações durante a escrita - com um filme de terror e um cheiro esquisito. E tudo isso estava presente (os afetos em relação a estas imagens) quando foi improvisar com duas regras - uma organizando a direção da cabeça (e olhos) e outra organizando as mãos. Dei a orientação de mais pesquisa de visualização através de um relato para mim, uma descrição de imagens que Julieta "saboreia" neste momento.
Trabalhamos um pouco com Julia o final - que ficou em aberto ainda.
Marcela trabalhou um pouco a relação com a Ama, com duas regras de jogo: amparar seu próprio rosto e o peito - interessantes, mas ainda está tímido, precisa desenvolver.
Precisamos ter paciência com este trabalho e ir constituindo o repertório de cada um aos poucos - amadurecendo, repetindo e ganhando segurança. É tudo novo para eles e o texto é difícil. Estou efetuando cortes em frases que não sustentam ações mas um puro efeito poético - para dar mais fluência às ações.
Hoje partimos com o trabalho de corpo e a montagem da segunda cena com o texto na mão.
Rejane.
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