Hoje gravamos três
cenas. Começamos gravando a cena de Sarah e Naiara. Era uma cena bem intensa,
não tinha fala e foi uma gravação externa, na rua mesmo. Tinha um impacto forte
pelas pessoas que passavam na rua, todo mundo olhava, até porque eram duas
prostitutas e as pessoas olhavam. Fico imaginando como foi a concentração delas
de estarem gravando ali na rua, a divisão de foco com carros buzinando e
pessoas passando e comentando. Elas tinham que ter uma boca divisão de foco. Elas
estavam andando e nisso elas se encontravam e nisso se olhavam e a emoção
chegava. Imagino que não deve ter sido fácil a construção. Achei interessante o
fato da Sarah está sempre com o celular na mão, como divisão de foco e ouvindo música
durante toda a concentração. Acho que trabalhar com música é fantástico pois a música
ajuda na hora da emoção. Particularmente musica me ajuda tanto nos momentos
triste e felizes. As vezes quando quero chorar de verdade eu apenas escuto uma música
bem triste e parece que depois de um tempo já até passou. Musica as vezes nos
encoraja. Enfim, elas tinham a marcação certa e tiveram que repetir a cena várias
e várias vezes, pra pegar vários takes diferente em vários planos diferentes.
Na hora que Rejane mandou desconstruir tudo e improvisar, e até mesmo falar
pouco coisa Sarah conseguiu trazer a emoção. Sarah conseguiu a emoção com
contenção. A parte legal e que deu um contraste, era que Naiara começou a rir,
rir sutilmente, pequenas risadas, o que foi bem legal. Era como se cada uma ali
estivesse alguma lembrança diferente do passado de suas personagens. O fato de
descontruir a cena e improvisar que foi a chave para a emoção vir. Então as
vezes que por mais que a fala interna esteja ali, você acha que está na hora
certa, as vezes a emoção só vem quando você se desconstrói de tudo e meio que
as vezes, se sente vulneral, livre, a vontade com a situação e tudo começa a
surgir e a vê coisas na cena que não tinha visto antes e começa a ter outras
ideias e pensamentos.
Depois gravamos a cena de Iasmin
e Anderson, onde Iasmin contava que Anderson, pai do Lazaro, que ele tinha sido
sequestrado e qual a quantia necessária para ele ser solto. Durante essa cena
eu estava no quarto por conta do espaço e do barulho, mas pelos relatos e os comentários
no final a cena ficou boa. Iasmin usou um pirulito como divisão de foco, e
assim que acabou a aula ela veio me falar que a fala interna dela era a lista
de afazeres do dia e toda vez que ela olhava para a cortina dela ela pensava
que tinha que lavar a cortina. Eu achei isso genial, porque tenho certeza que
isso deu um naturalismo maior em cena. Essas pausas e o que ela pensou era tão
verdadeiro que com certeza na montagem vai aparecer. No texto da Rejane, Figuras
de uma poética de um ator no cinema, diz que De maneira a dividir-se, está apoiado e sustenta o tempo de permanência
no quadro. A inscrição do material pode servir como contra impulso (oposição) à
inscrição de outro. A ilusão de espontaneidade é criada em cada nova inscrição
de um novo material na cena do corpo; com as pequenas variações, que se pode se
extrair de cada um deles, quando o apoio está oculto – imperceptíveis apoios:
apoio na imagem interna; na fala interna; na música interna.
Uma coisa irônica que
eu percebi nas fotos que vi de Anderson durante a filmagem dele é que ele está
usando o mesmo anel que ele deu pra Raquel na cena anterior, quando ela já
estava planejando mata-lo. Bom, pelo menos parece o mesmo. Outra coisa que
achei sensacional é fato do quarto estar todo apagado e estar usando apenas a
luz do computador. Deixou mais sombrio e poético da cena, totalmente cênica.
Depois foi a vez de
Yule e Rafa. A cena começava quando Rafa rasgava o vestido que Yule iria usar
em sua formatura. Depois Yule chegava e ficava decepcionada com a situação,
chorava e falava o porquê ninguém gostava da Rafa. Eu tava louca pra assistir
essa cena mas não consegui vê do quarto, apenas ouvia poucas coisas da cena,
mas fiquei curiosa pra poder assistir o resultado.
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