Nessa aula continuamos com as
gravações. Foram gravadas suas cenas, Marcela e Jeferson e Raquel e Anderson.
Começamos gravando a cena de Marcela e Jeferson. Era a continuação da cena onde
eles são médicos e iriam roubar o bebe de Ana assim que nascesse para ganhar
dinheiro com a criança. Nessa cena era que Marcela tinha passado a perna em
Jeferson e ia ficar com todo o dinheiro, até que Jeferson descobre e chega
revoltado. Eles queriam gravar a cena no biopráticas mas nem precisou, fizemos
na sala mesmo. Posso dizer que a cena deles me impressionou bastante. A atuação
de Jeferson o deixou de uma maneira que nunca tinha visto antes. Ele chegava
como se estivesse calmo mas ele explodia, e falava grosseiramente, e pegava a
Marcela e prensava ela na parede e depois a jogava no chão. Fiquei realmente
impressionada e me fez pensar no que talvez o tivesse ativado aquela emoção.
Alguma fala interna, associação, substituição, monologo interno. Fiquei
imaginando que talvez ele tivesse usado o mecanismo de substituição ou
associação, como se ele tivesse passado que uma pessoa que ele confiasse o
tivesse traído de tal forma, e não teria sido difícil achar isso, pois ele e
Marcela são super amigos. No texto de Rejane, Figura de uma poética do ator no
cinema que diz “Trata-se de “fala interna”
(Kusnet, 1992) que imprime o impulso de uma ação. O “oi” apenas sai da boca:
som. Subjacente, há este material, que produz algo que não é o “oi”, mas uma
terceira coisa na relação com o “oi”. Outra cadeia, a produzir uma escuta no
espectador. O “Vamos ver no que vai dar” adveio de um campo de extração específico de minha
vida: quando chego ao saguão de onde trabalho penso “Vamos ver no que vai dar” (ou,
olhando para trás, produzo o que deveria ter pensado, uma fantasia sobre a
própria história). Esta imagem substitui “a personagem” no hall do hotel – para provocar o
impulso da ação, sustentando-a enquanto a frase “Oi” durar.”
A emoção com contenção
dessa cena foi mais sutil, Marcela teve uma emoção com contenção mais sutil,
até por conta da cena e do fato de ser jogada no chão isso já trai uma emoção
forte. Jefferson estava mais explosivo.
Depois foi a cena de
Anderson e Raquel onde Raquel mataria seu pai, Anderson. Logo que começou a
gravar a cena já foi cortada. Anderson estava bem teatral em cena e Rejane
disse que precisava de fala interna. O engraçado que assim que acabou de gravar
Anderson contou que começou a pensar em coisas aleatórias, como frutas e
legumes, e ele acabou esquecendo o texto e depois tentou buscar o texto e ele
veio com tanta facilidade e que aquilo trouxe uma verdade na cena, trouxe o
nervosismos e a decepção, veio a verdade na cena. E é uma coisa legal a se
pensar, porque ele não precisou pensar coisas do tipo “minha própria filha
tentando me matar, eu sou isso, eu sou assim” pra tentar forçar uma emoção, ele
simplesmente pensou coisas aleatórias e aquilo preencheu o espaço e o tempo
certo pra trazer o realismo pra cena.
A atuação da Raquel é
muito verdade e gosto da forma que ela trabalha e atua, ela tem um olhar forte,
que diz muito sobre os personagens que ela faz. Nessa cena ela tinha um olhar
forte e durão, bem psicopata, que estava certa do que iria fazer. Não sei ao
certo o que ela fez pra trazer esse olhar mas na última cena, a cena que ela
gravou com o Anderson na primeira vez, ela disse que gostava de séries de TV
como CSI e acabava trazendo isso a cena. Talvez ela tenha trago isso de novo, o
que funcionou. Gosto como ela formulou o roteiro nessa hora também. E ela e o
Anderson tiveram uma super química em cena. O final, quando Raquel tem que
atirar em Anderson eu também não sei o que ela usou de fala interna que a fez
chorar. Ela beijou o rosto de Anderson e atirou nele, ela chorou, e isso trouxa
uma certa vulnerabilidade da personagem, mas mostra a determinação do
personagem. Não sei explicar. Mas foi sensacional.
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