Descrição da primeira aula de tópicos da aluna Sarah Damiani.

O filme de hoje foi bem interessante, conseguimos observar alguns conceitos e técnicas de um estilo de interpretação para cinema. O que foi visto hoje, foi o estado de inumado, de quase um boneco que os atores demonstravam ser. Eles não mexiam o rosto, eram como se fossem robôs, achei muito interessante, pois o fato deles não mexerem o rosto, de não terem sujeira na interpretação, faz com que eles tenham um olhar muito fixo.

Teve uma cena que uma mulher chorava, normalmente quando a gente chora no cotidiano, nosso rosto expressa tristeza, expressa uma emoção diferente da emoção mostrada no filme. A interpretação do choro foi tão contida que parece que até a lágrima que escorria no rosto da mulher era calculada. Não tinha expressão nenhuma, era apenas o olhar extremamente forte e a lágrima escorrendo com uma lentidão bonita em cena.

Cenas a serem estudadas e apropriadas são cenas onde tem o ator dividindo o foco da interpretação com algum objeto de cena, por exemplo, o filme tinha uma cena em que dois homens estavam conversando e um deles fumava, o ator que fumava fazia pausas entre o falar e o soltar a fumaça da boca. Outra cena foi onde o ator estava comendo e conversando com outra pessoa e ele fazia pausas entre o comer e falar, e além disso, ele brincava com o mastigar em cena, com a sujeira de mexer a boca em cena enquanto se dialoga mantendo o reforço interior.

Um outro exemplo de interpretação contida neste filme é quando uma das atrizes caminha pela rua e de repente encontra jornais pelo chão e se esconde nele. De repente chega um cara e dá um susto nela. Normalmente, quando nós levamos susto, o nosso corpo inteiro se mexe, nosso rosto muda e etc.. No filme, o rosto da mulher estava completamente contido, o único movimento que teve foi a cabeça da mulher que se deslocou para frente enquanto tomava o susto.
Todos esses exemplos são questões para pensarmos e utilizarmos em cena, é muito difícil manter esse inumano, o olhar tem que está bem forte e a sua base interior também. O que sustenta a interpretação de todos esses atores dos exemplos a cima com certeza é o apoio interno, seja de alguma visualização, fala interna ou escuta. Acredito que neste tipo de interpretação a escuta é mais usada que a visualização, porque quando a gente visualiza algo, nosso corpo fala por nós, e a nossa expressão facial também reage a essa visualização. Por exemplo, se eu visualizo na minha frente um momento muito feliz na minha vida, pode ser que minha interpretação não será tão neutra e inumana quanto a do filme. Agora, se eu escuto palavras aleatórias na minha cabeça, eu não estou buscando lembranças nem nada, só estou repetindo inúmeras vezes algumas palavras concretas. Logo, acredito eu, que a interpretação nesse caso será mais contida e mais imóvel.