Continuamos com o exercício
de assistir as cenas e quem começou hoje foi a Yule, ela trouxe o filme Os
olhos de Lorenzo, não conhecia esse filme mas ele tem umas cenas fortes, e
trata de um assunto delicado. Uma das cenas que ela mostrou tinha uma
visualidade e pensamento quando o pai descobre o que filho tem uma doença e
também uma emoção com contenção, não tão intensa, quando descobre que seu filho
vai morrer. Vini levou também uma cena desse filme que mostra a sujeira e a
imobilidade.
Vini levou um filme com Rodrigo
Santoro que se chama O bicho de sete cabeças. Conta a história de um menino que
era viciado em maconha, só que na verdade seus pais achavam isso e o internaram
em uma clínica de reabilitação. Tinha muita sujeira nas cenas gravadas, a câmera
balança bastante também. Rodrigo tem uma atuação brilhante nesse filme. Quando
ele tenta pedir pra sair dali, ele pede, implora, tenta conter a emoção mas o
seu pai o humilha e acaba que ele não consegue conter mais. Rejane contou que
Rodrigo nesse filme usava musica antes de entrar em cena e que ele conseguia
sentir a batida e emoção da música enquanto estava em cena, ela também comentou
que esse método não funciona com ela, porque assim que a música para é como se
a emoção não continuasse. É incrível como cada ator precisa de uma busca e uma
pesquisa pra saber o que funciona e o que não funciona. É tudo muito
particular. Rejane comentou sobre a criação da música interna no seu texto
Figura de uma poética do ator no cinema: A
invenção da “música interna” como procedimento para os atores consolidou o
subtexto, algo que a princípio seria teórico, disperso. Assim, as “coisas”
surgem como se “nascessem” daquele mar de subtexto (música). O ator situa a
escuta em um material que o espectador não está vendo (externo) e, no momento
em que uma palavra ou ação se oferece ao olhar, aparece como espontânea, porque
é por troca, salto, revezamento (cria-se a impressão de impulso). A canção
permite um descolamento da fala externa, suave, filtrada pela subversão do jogo
(novo) com o outro, ou forte, impregnada do afeto que esta música (ou falas
internas) irrompe. Um não sabe o que o outro vai fazer em cena e quais ações
vão surgir nas entrelinhas das falas. É preciso estar solto, variar o externo
com a escuta das ações descobertas em ato, que suportam a posição do ator em relação
ao outro.
Depois Julia mostrou
seu filme, era o filme Meu nome não é Johnny. Ela começou mostrando a cena de
uma juíza e essa cena é sensacional como um olhar tão vazio mas um rosto que
diz algumas coisas. Depois vimos uma cena onde ele está no carro e olha a
paisagem e se emociona, essa cena é linda por conta da história do personagem,
depois de tanto sofrimento por conta do seu vício ele está vendo a praia.
Depois assistimos a
cena de Agua para Elefantes. Onde viemos imobilidade no ator durante a cena,
também divisão de foco e também visualidade de pensamento. Robert Pattison
sempre está basicamente parecido em suas atuações, como se fosse ele mesmo. Me
lembrou um pouco dele no filme A Esperança.
Marcela levou o filme A
culpa é das estrelas e eu particularmente amo esse filme. Ela mostrou a
primeira cena do filme, onde a Hazel está olhando as estrelas e pensando. É nítido
que tem alguma coisa passando ali, bem atrás do seus olhos. Lembranças,
pensamentos, saudades, desejos. Durante todo o filme o Guz dá um sorrisinho
antes de falar, meio irônico, como uma forma de falas contrarias, não sei
explicar. Também na hora que ele conta pra ela que está doente novamente, agora
muito pior, ele tem uma contenção de emoção, assim como ela, porém no final ela
desaba. É bonita essa história, o fato de ele estar curado de câncer a um ano e
meio e ela não estar em um momento instável em seu tratamento, e no final ele
que morre porque a doença volta com tudo.
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